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Lucas Guimarães

A trajetória de um estudante que chegou à presidência da Positivo Educacional

Lucas Guimarães

A trajetória de um estudante que chegou à presidência da Positivo Educacional

Lucas Raduy Guimarães conta como passou de estudante do Colégio Positivo Júnior a presidente da Positivo Educacional. O executivo detalha a evolução do grupo, explica as vendas e aquisições e faz projeções para os próximos anos.

Lucas Raduy Guimarães conta como passou de estudante do Colégio Positivo Júnior a presidente da Positivo Educacional. O executivo detalha a evolução do grupo, explica as vendas e aquisições e faz projeções para os próximos anos.

Abaixo, um trecho da entrevista. Para ouvir o material completo, clique aqui.

Revista Positivo (RP) – Como começou a sua relação com o Positivo?

Lucas Guimarães (LG) – Meu pai foi um dos fundadores e presidente da empresa por 40 anos. Sempre teve o espírito de liderança e viveu intensamente essa característica. Grande parte do que foi feito no Positivo teve a mão dele, mas foi uma construção em equipe. Acompanhamos de dentro de casa a concretização de tudo, as primeiras ideias e a empolgação dele. O Positivo estava no nosso dia a dia. Eu não tenho nenhuma lembrança sem o Positivo que, além de empresa, foi também uma escola. Ambiente ideal para formar um ser humano melhor.

RP – E a sua primeira escola?

LG – Me lembro muito bem do prezinho, na sede do Positivo Júnior, quando eu tinha que ser exemplar. Na verdade, havia uma dualidade entre ser exemplar e não ser. Eu não queria ser diferente dos outros alunos. Mas era inevitável: sempre alguém descobria quem era meu pai. Falavam que eu era filho do dono do Positivo, mas eu já tinha uma mentira pronta: dizia que meu pai trabalhava na Vulcabrás. Achava que era uma empresa grande e falava com convicção.

Nos anos finais, acabei entrando no time de basquete do colégio. Para mim, foi uma experiência bem marcante, que ajudou o meu lado mais tímido e introspectivo e a desenvolver socialmente. E mantemos essa referência até hoje: de determinação e valorização do esporte, da atividade física e do trabalho em equipe. O colégio tem essa característica de ajudar a formar a identidade do aluno. Dentro da área cultural também há momentos específicos para que as crianças se coloquem à prova e se apresentem. Eu, como aluno, sempre percebi isso. Na sétima série, escrevia poesia no final do meu caderno de Matemática. A professora pegava os cadernos para corrigir os exercícios e um dia leu as minhas poesias. Ela me elogiou e fiquei morrendo de vergonha. Até hoje, gosto muito de escrever. E acredito que isso venha desse primeiro incentivo. De ter professores que me diziam “vai em frente, você pode mais, vai!”. Essa é a ideia do colégio: tentar encontrar essas vocações e apoiar.

RP – E o curso superior?

LG – Fiz Engenharia Civil na UFPR. Durante a faculdade, dei aula de Matemática na assistência do Curso Positivo. Foi muito bacana ter essa experiência. Acho que se tivessem deixado, eu teria permanecido ali. Mas, por provocação do meu pai, acabei entrando na parte financeira da holding e, depois, fui trabalhar na área de operações da nossa gráfica. Mais tarde, saí da gráfica, e fiquei uns cinco anos entre uma experiência e outra, trabalhando sempre com gestão, e já mais distante da sala de aula.

RP – E quando você assumiu a presidência do grupo?

LG – Demorou muito ainda para que isso acontecesse. Em 2003, fui fazer mestrado nos Estados Unidos, onde fiquei durante 2 anos. Entre o primeiro e segundo ano do meu curso, trabalhei em uma editora gigantesca de Nova Iorque. Queria muito ver tudo por mim mesmo, me colocar em outra situação, então, acabou sendo uma experiência muito boa. Quando voltei ao Brasil, fui trabalhar na Editora Positivo, onde fazia uma espécie de consultoria interna. Até que o Hélio (Rotenberg) veio falar comigo, dizendo que estava pensando em abrir o capital da Positivo Tecnologia. No meu MBA, estudei muito essa parte de mercado de capitais, finanças estruturadas, finanças corporativas, e ele me chamou para ajudar nesse processo. E fizemos então a abertura de capital. Isso foi em 2006. Na sequência, fizemos um road show em Nova Iorque e em Londres e, de fato, tudo aquilo que eu havia estudado foi bastante útil. Até brincava dizendo que essa experiência tinha valido mais que meu MBA. Fiquei na Positivo Tecnologia até 2008 e, nessa época, meu pai começou a pensar em sucessão. Senti que a área de tecnologia provocou um turbilhão na minha vida, mas, apesar de ser um negócio super legal, a minha paixão mesmo era a Educação. Então, voltei para a parte do capital fechado da empresa, e já comecei pelo processo de sucessão de um sócio que era vice-presidente naquela época. Foi quando, em 2009, assumi como vice-presidente, tendo Hélio Rotenberg como presidente, que ficou no cargo por um período breve. Infelizmente, o mercado de tecnologia sofreu uma forte recessão nessa época e o Hélio não conseguia mais gastar tempo algum com a área de Educação. De 2010 em diante, assumi na prática e estatutariamente como presidente, mas mantive o cargo de vice-presidente, pois nos pareceu adequado o Hélio ficar com o cargo de “presidente do Grupo”, para efeitos de representação institucional, quando isso fosse necessário. Foi só em 2019 que acabamos mudando o meu cargo para presidente, mas foi uma mera formalidade.

RP – Outra coisa que confunde bastante é a venda da universidade e do sistema de ensino. Quais empresas fazem parte do Grupo Positivo hoje?

LG – Chegou uma hora que a empresa ficou muito maior do que os fundadores jamais sonharam. E empresa é risco. E nós vivemos em um país que tem alguns riscos (o Brasil não é para amadores). Foi então que os sócios começaram a pensar em gerar liquidez e patrimônio para as famílias que investiram na empresa a vida inteira. É difícil continuar nesse caminho em todas as frentes que a gente abriu, porque são dinâmicas muito diferentes.

Em 2019, fizemos a venda de um grande pedaço da nossa editora, do nosso sistema de ensino para escolas privadas. Mas até hoje usamos esse material em nossos colégios. Continuamos tendo uma interação importante com a editora. Esse foi um processo muito complicado, porque não foi só a venda de uma empresa. Tivemos que dar muita atenção à estruturação, afinal, é um contrato de fornecimento de material gráfico de longo prazo, porque a nossa gráfica também atende essa empresa. São 40 anos trabalhando juntos, e estabelecer e formalizar isso tudo em formato contratual foi extremamente complexo. E para “melhorar”, ainda tivemos que fazer um contrato de coexistência de marca.

Na sequência, no começo de 2020, fechamos a venda da universidade. Como a marca era muito ligada a do colégio, o processo foi muito difícil. Eu, na verdade, era contra a venda de qualquer negócio, mas quando você está numa sociedade de minoritários, tem que saber atender como gestor o que a coletividade quer. Mas, mesmo não querendo vender, fiz o meu melhor para concluir o negócio.

Mantivemos o Curso Positivo e o Colégio Positivo, que é uma rede de escolas para a qual estamos agregando novas unidades, investindo e crescendo. O Sistema de Ensino Aprende Brasil também foi mantido, focado na área pública e que está indo muito bem, desde 2005. Temos ainda a gráfica e o Instituto Positivo, que é o nosso braço no terceiro setor, e que está fazendo 10 anos em 2022.

RP – O que você prevê para o Grupo Positivo nos próximos 50 anos e quais os caminhos que você pretende trilhar para chegar lá?

LG – Uma coisa que par mim é muito clara são os nossos valores, o nosso DNA. Ele nos trouxe até aqui. É claro que podemos mudar a forma como entregamos os nossos serviços educacionais, as nossas metodologias, mas a gente não pode perder nunca esse caminho, que está muito claro no nosso compliance. Fomos pioneiros nessa área de compliance, até mesmo para poder lidar com a área pública, que sempre está muito sujeita à corrupção. Não podemos ter dúvidas sobre o que vamos fazer só o que é certo. Também somos pioneiros nas partes ambiental e social. Essa coisa de ESG, que virou moda, a gente vem fazendo há muito tempo.

A gente quer ter essa bússola, esse norte de que somos uma empresa que faz a diferença na sociedade. Para os próximos anos, o nosso foco estará na área da Educação Básica, é aí que está nossa prioridade, sem, é claro, deixarmos de cuidar da nossa Posigraf. No Aprende Brasil, estamos aumentando o portfólio, trazendo outros produtos e soluções para as escolas públicas. Vamos lançar um sistema de ensino novo no ano que vem. No Colégio e Curso, temos crescido organicamente, mas devemos continuar fazendo aquisições muito seletivas, dentro do nosso foco de alta qualidade. Eu diria que essas são as duas frentes bastante estratégicas para o nosso crescimento nesse momento: crescer a rede de colégios e expandir o Aprende Brasil.

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